Aplicação sem riscos. Essa era a certeza que o Banco do Brasil tinha quando resolveu ampliar seu Programa Aprendiz. O investimento é tão seguro que o resultado foi a formação do atual presidente da instituição: Aldemir Bendine, 45 anos. Por isso, o banco prevê ampliar o projeto para 5,4 mil adolescentes, ou seja, 1.080 vagas a mais para jovens de 14 a 24 anos de todo o país. Um investimento de R$ 114 milhões.
– Toda vez que vejo um jovem aprendiz, me passa um filme pela cabeça – recorda-se Bendine, que entrou na instituição aos 14 anos.
Com 30 anos de Banco do Brasil, foi aprendiz, é enfático em afirmar que o banco construiu seu caráter.
– A forma como penso hoje tem a ver com o que eu aprendi no banco: a organização, a noção de administração vêm da minha vivência aqui.
Sua história é reflexo para jovens aprendizes como Edvânia da Silva Souza, 17 anos, estudante de letras que responde timidamente que, “se der, quero chegar à Presidência”. Mas abrir as portas da organização para jovens sem experiência profissional é um desafio que nem todas as empresas querem enfrentar. Edvânia tem dois anos de projeto e já sentiu a diferença.
– Comecei tímida, tinha medo de perguntar e fazer as coisas. Hoje, me sinto preparada para o mercado de trabalho – conta a jovem.
Iniciativa pode ajudar a descobrir jovens talentos
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), se a Lei do aprendiz fosse cumprida, isto é, se pelo menos 5% dos funcionários da empresa fossem jovens aprendizes, o Brasil teria um 1,2 milhão de oportunidades para esse público. Número bem maior do que as reais vagas existentes: 165 mil. A meta do governo é que 800 mil jovens estejam no programa até 2010. Porém, de 2008 para cá, apenas 34.425 vagas foram criadas.
– Esse número só vai aumentar se o Ministério do Trabalho realmente fiscalizar as empresas e disseminar essa lei entre elas – argumenta Fabiana Kuriki, articuladora da Lei do Aprendiz da ONG Atletas pela Cidadania.
– Por enquanto, nossa preocupação não é só com os números, mas com a qualidade desses números – justifica Felipe Augusto Teixeira, coordenador-geral de preparação e intermediação de mão de obra juvenil do MTE.
Um dos motivos para a falta de adesão à lei é o acompanhamento que empresa deve fazer dos jovens. Toda empresa deve ter um gestor responsável, o que dificulta a participação. Além disso, a organização terá responsabilidade na formação do aprendiz.
– São pessoas em época de construção de caráter, por isso, se a empresa não for ética, esse jovem pode se frustar com o significado de trabalho – afirma o professor Vicente Faleiros, da Universidade de Brasília e da Universidade Católica de Brasília.
Investir em jovens aprendizes pode ser sinônimo de aposta em bons profissionais futuros. É o caso de Sthephany Aguiar, 20 anos, que começou como aprendiz em uma universidade e subiu de cargo.
– Se eu não tivesse entrado no programa, com certeza não estaria aonde estou – conta a ex-jovem aprendiz, que atualmente trabalha nos recursos humanos da universidade e cursa administração na mesma instituição.
CORREIO BRAZILIENSE
Endrigo da Silva, 22 anos, participou do Programa Aprendiz em 2003
“Quando eu estava concluindo o Ensino Médio, ingressei no programa e foi muito importante para o meu ingresso no mercado de trabalho. Optei pelo curso automotivo de aprendizagem, mas durante o processo aprendi muito mais do que a técnica.
Além de metolologia, desenho de peças, sistema elétrico, somos ensinados a como nos portar no ambiente de trabalho e noções sobre o mercado.
O programa é muito valorizado, e em um mês após tê-lo concluído eu já consegui um emprego. Depois fiz um curso técnico de automobilística no Senac e, aos poucos, estou me destacando na carreira. Hoje sou conselheiro técnico de uma concessionária e ainda pretendo fazer uma graduação em engenharia mecânica ou mecatrônica para crescer mais.”
FONTE: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&newsID=a2724558.htm